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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Só existia eu e a natureza

Sábado, 11/08/2018 - tarde
Fomos a umas piscinas em Espanha. Não queria ir,  nem aproveitar. Mas que benefícios isso me traria? Não sei, mas sei que não estava com vontade de fazer nada para além de (adivinhem...?)  chorar. Mas isso não me traria benefício  nenhum, isso não ia mudar  nada,  não valia a pena continuar assim uma vez que era insignificante para todos - exceto para mim. Então tentei dar uma chance. Já quase no final,  aproximei-me da água. Estava tão fria. Queria voltar para trás mas comecei a observar as minhas pernas a subir e a descer dentro da água. Aquela ação era estranhamente relaxante... Apesar disso, atingiam-me leves pensamentos de que se mergulhasse, merecia afogar-me. Ainda assim, foi tranquilizante.
Passado algum tempo,  uma criança passou na borda da piscina a correr e a atirar água por todo lado. Quando ela passasse por mim,  tinha a certeza que eu iria cair na água ou molhar-me-ia da cabeça aos pés. Em poucos segundos tudo deixou de importar - ia deixar que uma criança me molhasse/atirasse para a água contra a minha vontade,  ou mergulhava deliberadamente? Sem pensar muito, deixei-me cair para a água por vontade própria. tudo à minha volta era água. Água fria. Havia apenas uma escassa linha entre o que separava o interior do meu corpo e a água. A minha alma tornou-se água. Os meus pensamentos dissolveram-se com ela. A única coisa que importava naquele momento era eu. Como se estivesse temporariamente liberta de tudo. Soube tão bem... Todas aquelas emoções fervilhantes e explosivas insuportáveis foram controladas pela temperatura baixa da água. Por segundos,  a única coisa que existia no mundo era eu e a água.
Aproveitei para nadar um bocado. As piscinas  eram naturais,  por isso estavam envoltas por elementos da natureza (no shit sherlock) - árvores, plantas lacustres, elementos rochosos. Afastei-me da zona mais segura onde toda a gente se concentrava e nadei até uma espécie de orla, onde tive medo de avançar porque não sabia o que vinha depois de tantos insetos, rochas,  plantas aquáticas,  e ninguém sabe o que mais. Deixei-me ficar por ali, naquele sítio tão bonito,  sozinha, a boiar de barriga para cima. A sensação que aquela paisagem me deu foi única.  Olhei para o céu, tão limpo,  puramente azul, com o sol ligeiramente oculto nas folhas das árvores com as suas copas inclinadas sobre a água. Por entre o verde das folhas ocorria a passagem de raios de sol, luz, radiante. Deixei de ouvir qualquer espécie de som. Só eu e a natureza envolvente existiamos no universo - nem sequer o tempo existia entre nós. Ao longe,  no céu,  avistei uma ave grande,  ao que parecia ser uma águia. Lentamente,  as coisas à minha volta recomeçaram o seu movimento, a realidade foi retornando ao habitual: senti o bater do meu coração, a minha respiração, a temperatura fria nas extremidades do corpo, o calor do sol na minha cara. Percebi assim que estava a começar a ficar cansada de me manter à superfície da água,  que o sol me estava a queimar a pele e que começava a ter frio e a tremer (sentir isto tudo ao mesmo tempo foi engraçado). Decidi então voltar para a toalha, a pensar no quão estranho foi o fenómeno que tinha acabado de presenciar. 

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