Porque é que dói tanto

Eu só quero chorar. Porque é que dói  tanto?  Estou apenas  a ter as consequências dos meus atos. Não posso chorar aqui.  Não em público.  Mas não consigo parar a água que me vem aos olhos... Os pensamentos de que o nosso futuro era promissor. Os pensamentos de que apesar das nossas diferenças, era possível tentar. Mesmo se não fosse possível, o final poderia ter sido diferente. Não desta forma. Não desta forma... Eu odeio-me tanto. Achei  que te tinha perdido para sempre,  achei que era o melhor a fazer,  tentar seguir em frente,  não continuar a alimentar esses pensamentos suicidas que disseste que eu causava em ti. Foi por isso que aceitei.  Só queria o melhor para ti. Foi só por isso. Nada mais.  Se me tivesses dito naquele instante outras palavras,  as palavras que realmente sentias,  não tinha acontecido nada disto.  Porque eu acreditei que aquelas palavras vinham do teu íntimo,  eu julguei que eram a máxima verdade.  Fiquei em choque.  O choque foi tão grande que nem sequer chorei.  Acreditei que estava a fazer o melhor para os dois,  por muito que me custasse.  

Talvez já não fosse possível consertar a nossa relação. Não era a primeira vez que tentavamos terminar. Achei que era de vez e que não valia a pena. Disseste que se um dia isto acontecesse,  exatamente o que aconteceu,  para eu não insistir. Porque não havia mais nada que eu pudesse fazer.  Disseste que eu te estava a destruir e que se continuassemos juntos provavelmente ias acabar com a tua vida. Eu achei que tinhas ido embora para sempre.  Eu achei que te tinhas ido embora para sempre.  Porque é que voltaste? Porque é que só percebeste depois que o que disseste não era verdade? Porque é que mentiste?  Porque é que menti?  Se não  tivesses dito aquelas coisas horríveis, eu teria resistido.  Eu teria continuado a lutar por nós. Eu teria voltado após aqueles dias, aqueles dias complicados para ti,  aqueles dias que foram tão rápidos e que me fazem sentir culpada por me ter sentido tão feliz. Mas mesmo nessa felicidade com outras pessoas,  eu tinha-te no coração,  eu tinha-te na minha mente.  Eu ia voltar para ti no final do dia,  eu ia conversar contigo novamente. Ia ser feliz contigo outra vez. O maximo que fosse possível... Como sempre.  No fim de semana teriamos conversado e eu poderia dizer mais uma vez que te amo.  Ou talvez não,  talvez eu tivesse percebido que já não te amava. Talvez a minha mente estivesse mais clarificada do que está agora...  Nada foi planeado,  nada foi feito com intenções de te enganar.  Eu amei-te até  ao último segundo. Talvez ainda te amasse.  Talvez ainda te ame.  Não se deixa de amar alguém da noite para o dia.  Acho que te amava mais do que pensava. Porque é que eu não previ isto?  Não faço ideia.  Não sei. Não sei. Não sei. Não sei. Não sei. Não sei.  Não sei. Não sei........... Achei que te tinha perdido para sempre.  Entre chorar por alguém  que perdi para sempre ou sorrir por alguém  que estava à minha frente e que em breve iria igualmente partir,  apenas me limitei a viver o presente e aproveitar o momento... e eu estava feliz.  Porque é que essa felicidade está a ser reduzida a nada? Porque é que se está a transformar numa assombração?  Porque é que dói tanto? Porque é que eu ainda imagino a nossa vida se eu não me tivesse  deixado levar... Achei que tinhas ido embora para sempre,  que nunca mais íamos falar. Agora... Agora foste mesmo. Para sempre. E odeias-me. Tudo bem. Tudo bem... Eu também me odeio. Podes odiar-me à vontade. Sou nojenta,  sou. Odeia-me. Mas segue em frente, continua a viver. Só  me arrependo de te ter feito sofrer tanto. Desculpa. Eu mereço o teu ódio. Desculpa. Mas vive. Tu tens muito para viver. Não merecias o que te fiz. E isso vai-me assombrar para sempre. Não sei se alguma vez serei capaz de seguir em frente. Mas tu consegues,  eu sei que sim. Obrigada por tudo o que fizeste por mim... Desculpa.